MST ocupa fazenda da Usina Sapucaia

Na manhã desta segunda-feira (10), cerca de 400 famílias do MST ocuparam as terras da fazenda Santa Luzia, pertencentes à Usina Sapucaia, em Campos, para pressionar o governo a concluir o processo de adjudicação de duas matrículas que estão em tramitação no Incra-RJ. Por meio deste processo, o governo destina à União fazendas de devedores de impostos e créditos não pagos. A Coagro, que arrenda a área, repudiou a invasão e diz que tomará medidas judiciais cabíveis (veja a íntegra da nota ao fim do post). Atualização: a desocupação da área aconteceu no mesmo dia, segundo o MST, devido ao que foi considerada força policial desproporcional na área. A Câmara de Campos chegou a emitir um manifesto de repúdio á ocupação e, posteriormente, uma decisão judicial determinava a retirada das famílias das terras arrendadas pela Coagro.
Como resposta à ação do MST, dois caminhões foram posicionados para barrar a passagem dos manifestantes.
De acordo com o governo, as áreas em questão serão destinadas à Reforma Agrária ainda neste ano e estão com os processos avançados na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional devido a dívidas que seriam superiores a R$ 200 milhões, incluindo mais de R$ 90 milhões em débitos previdenciários não pagos aos trabalhadores. Atualmente, as áreas são arrendadas pela Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro).
As 400 famílias estavam acampadas desde 15 de abril do ano passado às margens da BR-101, próximo ao Morro do Coco.
Assentamento mais antigo do RJ — O município de Campos abriga ainda o assentamento Zumbi de Palmares, o mais antigo do estado, com 30 anos de existência, onde vivem 506 famílias. Com mais de 8 mil hectares, o polo é um dos maiores produtores regionais de aipim e de abacaxi, cuja safra ultrapassa 100 toneladas anuais.
Coagro repudia invasão e diz que tomará medidas cabíveis
A Coagro emitiu uma nota na qual repudia veementemente a invasão de terras produtivas pertencentes à Usina Sapucaia e arrendadas à cooperativa desde 2013:
“Essas áreas, arrendadas em processo judicial, são fundamentais para a geração de empregos e o sustento de milhares de famílias em Campos e região.
A ocupação indevida, de terras regularmente subarrendadas a cooperados, coloca em risco a produção em curso, prejudica os cooperados e ameaça a segurança dos trabalhadores. Diante desse grave cenário, todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas para garantir a integridade das atividades e os direitos assegurados em lei da Coagro e de seus cooperados.
A Coagro é uma cooperativa de produtores de cana-de-açúcar constituída há 22 anos, com mais de 10 mil pequenos cooperados, gerando três mil empregos diretos e indiretos.
Confiamos na Justiça e nas instituições para a rápida reversão da situação e reafirmamos nosso compromisso com o desenvolvimento do setor e o respeito à lei.”
Atualizado às 10h22 — Para incluir a nota da Coagro