Assistidos pela Casa de Passagem de SJB são reinseridos no mercado de trabalho
A Casa de Passagem de São João da Barra, responsável pelo atendimento a pessoas em situação de rua, abandono, migração, ausência de residência e sem condições de autossustento tem ajudado a transformar vidas. Recentemente os assistidos Joel Carlos Queiroz Pinto, 30 anos, natural da Bahia, e George Corrêa de Araújo Peixoto, 48 anos, do Rio de Janeiro, conquistaram vaga de emprego de auxiliar de produção na empresa Andrade Gutierrez, que opera no Complexo Portuário do Açu. A oportunidade foi viabilizada por meio do projeto “Um Novo Tempo”. Implantado em setembro de 2022 pela Prefeitura em parceria com empresas que atuam no município, é coordenado pelas secretarias municipais de Assistência Social e Direitos Humanos e de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico e tem como finalidade estimular a reinserção no mercado de trabalho de pessoas em situação de vulnerabilidade social por meio do serviço de Proteção Social de Alta Complexidade.
Há menos de um mês na Casa de Passagem, Joel Carlos conta que saiu de sua cidade natal para trabalhar. Após ficar desempregado e sem condições financeiras de se manter, saiu do aluguel para uma casa abandona e, depois de viver durante dias perambulando pelas ruas, foi encaminhado para o órgão, onde afirma ter sido muito bem recebido. “Cheguei a Grussaí em 2019, vindo de Salvador para trabalhar de montador de andaime na Andrade Gutierrez, mas fui dispensado na pandemia. Em 2020 exerci a mesma função na empresa Amaro, E Corrêa, em Florianópolis. Retornei em 2021 e iniciei como ajudante de pedreiro, ficando desempregado novamente. O dinheiro acabou, fui morar numa casa abandonada, passei fome, frio, humilhação. Depois de me confundirem com um ladrão, a Polícia Militar me levou para a Casa de Passagem”, relatou.
Joel diz ter sido acolhido com a dignidade e o respeito que um ser humano merece ser tratado. “Voltei a ter paz e sossego num ambiente agradável, com um lugar para dormir, me alimentar e fazer as necessidades básicas de higiene. E não foi só isso, além de oferecerem assistência médica, jurídica e de educação, tive apoio na elaboração do currículo e agendamento de entrevista de emprego na empresa Andrade Gutierrez, onde conquistei uma vaga. A meta agora é recomeçar e com o salário atual em breve vou alugar uma quitinete e seguir em frente, mas serei grato por toda vida pela ajuda que recebi aqui nesta cidade maravilhosa”.
A história se repete com George, que deixou a capital fluminense em busca de emprego, trabalhando em Maricá, Macaé, Campos e, por fim, em São João da Barra devido às oportunidades de emprego que surgiram no Porto do Açu. Ao longo de sua vida atuou em diferentes áreas como paraquedista do Exército, mergulhador profissional, guarda-vidas, mecânico montador, pintor industrial, pescador e garçom. Depois dessa trajetória ficou desempregado, em situação de rua, e foi encaminhado no dia 13 de fevereiro deste ano pelo Centro de Referência da Assistência Social (Cras) da sede do município para a Casa de passagem, onde afirma ter recebido toda assistência até conquistar uma vaga de emprego.
“Os assistidos foram retirados das ruas, acolhidos e houve a elaboração e cadastro do currículo no Sistema Automatizado de Gestão da Empregabilidade (Sage) do Balcão de Oportunidades da Prefeitura. Ao realizar o resgate de pessoas em situação de rua e risco social, proporcionamos o suprimento de suas necessidades básicas e o Projeto ‘Um Novo Tempo’ é um grande diferencial da Casa de Passagem de São João da Barra, pois insere o assistido na sociedade dando-lhe a possibilidade de reconquistar seu espaço no mercado de trabalho”, declarou a secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, Sharlene Barbosa.
Abordagem social
Implantada em 2017, a Casa de Passagem de São João da Barra faz o acolhimento através do encaminhamento das unidades do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), situadas nos distritos e que funcionam de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 17h. Atualmente abriga sete pessoas, mas desde 2021 já foram realizados 170 acolhimentos provisórios. A meta é assegurar a essas pessoas proteção integral, garantindo atendimento personalizado e especializado em diferentes modalidades e equipamentos com vistas a afiançar segurança de acolhida, respeitando as diversidades (ciclos de vida, arranjos familiares, raça/etnia, religião, gênero e orientação sexual) e primando pela preservação, fortalecimento ou resgate da convivência familiar e comunitária.
“As pessoas em situação de rua pertencem a um grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utilizam os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente. Por isso, o nosso trabalho é pautado no resgate e no acolhimento para que essas pessoas possam ter a oportunidade de construir novos projetos e trajetórias de vida, reconstruindo o seu futuro e o seu espaço no ambiente familiar e na sociedade, com dignidade, respeito e qualidade de vida”, explicou o coordenador da Casa de Passagem, Davi Rangel.
A Casa de Passagem é uma unidade pública estatal da Proteção Social Especial de Alta Complexidade (PSE/AC), que funciona 24h por dia e está situada na rua Manoel de Souza Braga neto, 61, no bairro Água Santa, na sede do município, telefone (22 2741-8380). A capacidade total de acolhimento de uma só vez é para dez pessoas, sendo cinco vagas femininas e cinco vagas masculinas, destinadas de acordo com a identidade de gênero do acolhido para que possa realizar suas atividades cotidianas normalmente, mas respeitando as regras de convivência.