Ex-delegado do Dops é condenado por incinerar corpos em usina de Campos

Ex-delegado do Dops é condenado por incinerar corpos em usina de Campos
  • Publishedjunho 13, 2023

Ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), Cláudio Guerra foi condenado pela juíza federal Maria Isadora Tiveron Frizão, titular da 2ª Vara Federal de Campos dos Goytacazes, a sete anos de prisão, em regime semiaberto, e mais R$ 10 mil em multas, por ocultação de corpos. Ele revelou no livro “Memórias de uma guerra suja”, de 2012, que ajudou agentes da ditadura militar na incinerar corpos de vítimas de torturas na antiga Usina Cambaíba, em Campos. Posteriormente, ele contou a mesma história em depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV).

Guerra teve, na denúncia, o nome ligado ao desaparecimento de 12 militantes políticos, entre 1974 e 1975. As vítimas são Ana Rosa Kucinski Silva, Armando Teixeira Frutuoso, David Capistrano da Costa, Eduardo Collier Filho, Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira, João Batista Rita, João Massena Melo, Joaquim Pires Cerveira, José Roman, Luís Inácio Maranhão Filho, Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto e Wilson Silva.

Cláudio Guerra, ex-delegado do Dops / Reprodução / YouTube

A denúncia contra Guerra foi apresentada, em julho de 2019, pelo procurador da República Guilherme Garcia Virgílio, do MPF em Campos. Além da confissão do ex-delegado, negada mais tarde em juízo, o MPF conseguiu reunir provas de corroboração, entre as quais a confirmação de festas e outros eventos que ele citou ao mencionar a relação de confiança que manteve na época com os proprietários da usina. O procurador da República Eduardo Benones, que também atuou no caso, sustentou que perícia do MPF, feita nos fornos da usina, derrubou a versão apresentada por proprietários da empresa de que os corpos não entrariam na cavidade do incinerador.

Familiares dos proprietários do espólio de Cambaíba negam que os fornos da usina tenham sido utilizados para crimes na ditadura. Assim que o livro de Guerra foi publicado, um dos herdeiros de Cambaíba, o empresário Jorge Lyzandro, pediu que o Ministério Público Estadual (MPE) de Campos abrisse investigação. Em 10 de agosto de 2012, o promotor Marcelo Lessa concluiu: “desses supostos assassinatos ou ocultação de cadáver, não há o menor indício sério e idôneo de quem possam ter ocorrido em território campista”.

Com informações e fotos dos jornais O Globo e Folha da Manhã

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