Com intensa dança das cadeiras, Campos tem 34 vereadores em 10 meses

A Câmara de Campos tem 25 cadeiras e a população escolheu, em outubro do ano passado, todos os representantes. No entanto, ao longo dos primeiros 10 meses deste ano, a dança das cadeiras foi intensa: além dos 25 eleitos, outros nove suplentes tomaram posse, chegando ao número de 34 vereadores em menos de um ano. A média é superior a um vereador “novo” por mês, se desconsiderar os recessos de janeiro e julho. Atualmente, sete cadeiras são ocupadas por suplentes, o que representa 28% das vagas na Casa.
É a maior rotatividade na Câmara, em um início de legislatura, construída exclusivamente pela conjuntura política. De 2017 a 2020 até foi maior, com pelo menos 44 vereadores diferentes e muitas mudanças no primeiro ano, mas a grande maioria por conta de decisões judiciais nas ações oriundas da operação Chequinho.
A “dança das cadeiras” deste ano deve ter um freio, uma vez que o prefeito Wladimir Garotinho (PP) afirma que já cumpriu com todos os compromissos partidários firmados. O presidente da Câmara, Fred Rangel (PP), analisa o cenário e comenta sobre o impacto nas finanças da Casa, com todas as nomeações e exonerações decorrentes de cada uma dessas alterações.
A dança das cadeiras

Na atual legislatura, a maioria das mudanças foi no grupo do prefeito, sobretudo no seu partido, o PP. No ano passado, ele firmou um compromisso com os candidatos da sigla: quem fizesse mais de 2 mil votos iria sentar na cadeira de vereador. A régua de corte foi alcançada nesta semana, com as posses de Juninho Jubiraca e Duda de Ururaí, respectivamente quarto e quinto suplentes em uma legenda que alcançou sete cadeiras.
No PP, a saída de dois eleitos era dada como certa desde ano passado: Fábio Ribeiro (Obras) e Wainer Teixeira (Gestão de Pessoas). Outro que chegou a compor o governo foi Sub Jackson (Segurança), mas deixou claro o desejo de exercer a vereança. Recentemente, Marquinho do Transporte deixou a cadeira e foi para o governo (Emhab).
Na atual conjuntura da Câmara, já foram chamados pelo PP suplentes dos suplentes. Com a saída de Fábio e Wainer, os primeiros suplentes são Néa Terra e Doutor Maninho. O terceiro suplente é Vinicius Madureira. Maninho (subsecretário de Saúde) e Madureira (Qualificação e Emprego), que chegaram a assumir a cadeira, também foram para o governo, abrindo as vagas para Jubiraca e Duda.
No PL, a saída de Nildo Cardoso (Abastecimento) faz parte de dois compromissos: um “por cima”, com o diretório estadual do partido, de abrir a vaga para Beto Abençoado, e outro com o próprio Nildo, de liderar a implantação do novo Ceascam.
As outras duas mudanças governistas foram no PDT. Leon Gomes (FMIJ) e Diego Dias (Serviços Públicos) integram o primeiro escalão de Wladimir, enquanto Luciano Rio Lu e Marcelo Feres ficam na Câmara.
Para além dos compromissos do governo municipal, a oposição também teve uma mudança na bancada. Por articulação do deputado estadual Thiago Rangel (Podemos), a filha dele, a vereadora Thamires Rangel (PMB), foi ocupar o cargo de subsecretária estadual de Ambiente e Sustentabilidade, abrindo vaga na Câmara para Rogerão (PMB). A mudança, aliás, foi a que mais surpreendeu nos bastidores da política.
Fred Rangel analisa mudanças e impacto financeiro

Presidente da Câmara de Campos, Fred Rangel (PP) avalia que algumas alterações já eram esperadas, mas outras surpreenderam nestes primeiros meses da atual legislatura. “As mudanças que aconteceram na Câmara são oriundas de compromissos partidários, articulação com o Executivo estadual e de projetos importantes para o município. A gente nem tem muito o que opinar, nos cabe cumprir o regimento e cobrir a vacância com a convocação dos suplentes”, disse.
Fred relatou, ainda, que se surpreendeu com o recente afastamento de Thamires da Casa. “A gente vê com surpresa, mas sabe que é fruto de articulação política do pai dela, que é deputado estadual, junto ao Governo do Estado”.
E em relação ao fluxo de caixa? O presidente da Câmara acredita que as nomeações e exonerações decorrentes da dança da cadeiras, e o consequente pagamento de rescisões, não traga grandes impactos ao orçamento da Casa. “Não vejo nada muito significativo, até porque os encargos são recolhidos mensalmente no período trabalhado. Lógico, são despesas que não esperávamos para agora, nem nesta intensidade, mas não é nada fora da programação, nada que impacte nas finanças da Câmara”.
Wladimir: O que tinha que ser feito, já foi feito

O prefeito Wladimir Garotinho afirma que não só cumpriu com os compromissos, como a conjuntura o levou a abrir mais vagas do que o previamente combinado com os partidos que o apoiaram em 2024. “Os compromissos partidários já foram cumpridos. Tudo que tinha de ser feito, para cumprir com os compromissos previamente assumidos, já foi feito. No caso do PDT, foi até além do combinado, não existia o compromisso de Marcelo ser vereador, por exemplo, mas ele assumiu pelas circunstâncias”.
O prefeito não descarta novas rodadas de dança das cadeiras, só que, ao menos por ora, não serão por iniciativa dele:
— Existe a esperança de outros suplentes assumirem? Existe! O que não existe é esse compromisso assumido. E aí depende de conversa entre eles: para alguém entrar, tem que ter alguém disposto a sair. E como isso não foi combinado antes, acho que fica mais difícil.