Projeto de apoio à pessoa LGBTQIA+ em Campos gera polêmica na Câmara
A Câmara de Campos votou nesta terça-feira (02) um projeto de lei, de autoria dos vereadores Fred Machado (Cidadania) e Marquinho Bacellar (SD), que propõe um programa de apoio e acolhimento a pessoas LGBTQIA+ em situação de violência ou vulnerabilidade social. Apesar da aprovação, com votos contrários apenas de Abdu Neme (Avante) e Pastor Marcos Elias (PSC), o tema voltou a gerar polêmica na Casa, ressaltando o viés conservador da cidade. No entanto, alguns vereadores ressaltaram que discursos preconceituosos foram proferidos na tribuna.
Na sessão, ao defender o projeto de sua autoria, Fred falou sobre o preconceito sofrido pela população LGBTQIA+ e ressaltou a necessidade da criação de um centro especializado de acolhimento. Nildo Cardoso (União), que votou favorável, levou a discussão para utilização de banheiros, afirmando que recebeu vídeos de homossexuais que estariam usando o mesmo banheiro de mulheres em shoppings, espaço que também seria utilizado por crianças.
Apesar de nada disso fazer parte do projeto em discussão, foi o estopim para a polêmica. Abdu Neme, por exemplo, relatou que durante um atendimento médico um cidadão queria ser chamado por um nome diferente do seu de batismo e ele não aceita isso. “Ou é ou não é”, chegou a dizer o médico, que votou contra o projeto. Ele ressaltou que já existem centros de apoios na rede municipal e que são para todos, independentemente da questão de orientação sexual.
Maicon Cruz (sem partido) criticou o discurso de colegas, afirmando que fugiam do projeto em pauta. Ele parabenizou Fred e Marquinho pela iniciativa, destacando que muita gente esconde seu preconceito citando o conservadorismo.
Na justificativa de voto, o vereador Pastor Marcos Elias alegou ter votado contra o projeto porque não só os homossexuais devem receber acolhimento e atendimento psicológico, mas também os seus pais. “Qual pai ou qual mãe gostaria de ter um filho homossexual?”, indagou o vereador, voltando a aquecer o debate.
— Quando vai pedir voto, não pergunta se é gay ou não. Entra na casa das pessoas e só pensa no voto, para chegar aqui e falar palavras preconceituosas disfarçadas de conservadorismo — pontuou Maicon Cruz. O vereador Bruno Vianna (PSD) também falou sobre a questão do preconceito na cidade e no país de maneira geral e do alto número de crimes motivados pelo preconceito no país.
Marquinho Bacellar também ressaltou a necessidade de discutir esse projeto. “É importante conscientizar, é importante o conhecimento. A cada dia, um pouquinho, a gente vai evoluindo nesse tema, que é muito importante. Quando entra em pauta, brincadeiras vêm, e a gente leva na brincadeira. Porque, talvez, a gente não sofre na pele. Homofobia dói, racismo dói, a gordofobia dói. Só que ninguém quer falar, porque são temas polêmicos. Hoje, um projeto de uma importância tremenda, se tornou um debate totalmente sem cabimento”.
Aprovado na Câmara, o projeto segue para sanção ou veto do prefeito Wladimir Garotinho (sem partido).
Polêmica LGBTQIA+ em 2022
Durante a discussão, o atual presidente da Câmara, Marquinho Bacellar, lembrou que no ano passado o prefeito Wladimir vetou integralmente um projeto dele, aprovado na Casa, que visava instituir a “Semana da Diversidade no Município de Campos dos Goytacazes”, tendo como encerramento oficial de suas atividades a realização da “Parada do Orgulho LGBTQIA+”.